sábado, novembro 20, 2010

Não se ensina o coração



Ando de roda das palavras agora
A tentar rodear o sentido
E nada faz sentido já.
Desistimos
Abandonamos o sonho, a esperança
Ficamos estranhos.
Refugio-me no escuro
Retomo os antigos discos de vinil negro
Viajo por entre as músicas preferidas de à 30 anos
Dou-me conta do tempo, o tempo voa não pára
Só nós paramos o amor. Um abismo. Construímos um muro.
O frio em nós. É Outono, o tempo incerto.
Faz tempo que abandonei as palavras
A arvore, o pequeno jardim, as mesas da esplanada,
O pequeno café ao final da tarde
Onde nos víamos por dentro olhos nos olhos
O muro em pedra antiga a separar da rua também ela perdida no tempo.
Da ultima vez que te olhei
Estava um pardalito assustado no muro à espera
Que fossemos embora para debicar migalhas espalhadas na mesa
Ainda me recordo dele. Por um relâmpago de tempo olhamo-nos
Não teve medo, permaneceu á espera
Só nós partimos.
Não se ensina o coração a amar


Antas Novembro 2010

joão marinheiro

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