Era uma praia daquelas em rocha e areia amarela e conchas e seixos a rolarem na maré
éramos os dois a passear na praia
eram duas as mãos dadas
os dedos entrelaçados como as estrelas do mar
a tua na minha
os teus dedos nos meus
era também um dia de sol a brilhar
a praia daquelas com rocha e areia amarela
onde as nossas pegadas iam ficando marcadas enquanto caminhávamos
as mãos eram também duas ainda
eram quatro da tarde, a hora
como se fosse importante, não era. A hora
só o tempo
era também o mar,
importante
naquela tarde pelas quatro da tarde
como se a hora fosse importante
era também o mar
a vir espraiar-se
apagando o rasto de nós
a areia amarela
eram também dois pares de pés
eram a forma dos pés. Os nossos pés
descalços na areia molhada
A caminharem
uns grandes
os meus
outros pequenos
os teus
Eu já te disse como era a praia?
Era uma praia no Cabo do Mundo
era o mundo
o mundo contigo de mãos dadas
duas ainda as mãos
os dedos entrelaçados
e as estrelas do mar…
Hoje sou eu a olhar o mar
as horas
quatro da tarde
coincidência
como se isso fosse importante
a coincidência das horas
se o dia é outro
e o tempo outro também
é ainda o mar
a apagar as marcas tuas
os teus pés pequeninos na areia molhada
e sou eu aqui perdido
sem rumo
a olhar a mão vazia da tua
as estrelas no céu a caírem
a afogarem-se no mar
a misturarem-se nos sargaços
era eu
eras tu
era uma praia de areia e rocha
pelas quatro da tarde.
João marinheiro
Praia de Fornelos 2008
éramos os dois a passear na praia
eram duas as mãos dadas
os dedos entrelaçados como as estrelas do mar
a tua na minha
os teus dedos nos meus
era também um dia de sol a brilhar
a praia daquelas com rocha e areia amarela
onde as nossas pegadas iam ficando marcadas enquanto caminhávamos
as mãos eram também duas ainda
eram quatro da tarde, a hora
como se fosse importante, não era. A hora
só o tempo
era também o mar,
importante
naquela tarde pelas quatro da tarde
como se a hora fosse importante
era também o mar
a vir espraiar-se
apagando o rasto de nós
a areia amarela
eram também dois pares de pés
eram a forma dos pés. Os nossos pés
descalços na areia molhada
A caminharem
uns grandes
os meus
outros pequenos
os teus
Eu já te disse como era a praia?
Era uma praia no Cabo do Mundo
era o mundo
o mundo contigo de mãos dadas
duas ainda as mãos
os dedos entrelaçados
e as estrelas do mar…
Hoje sou eu a olhar o mar
as horas
quatro da tarde
coincidência
como se isso fosse importante
a coincidência das horas
se o dia é outro
e o tempo outro também
é ainda o mar
a apagar as marcas tuas
os teus pés pequeninos na areia molhada
e sou eu aqui perdido
sem rumo
a olhar a mão vazia da tua
as estrelas no céu a caírem
a afogarem-se no mar
a misturarem-se nos sargaços
era eu
eras tu
era uma praia de areia e rocha
pelas quatro da tarde.
João marinheiro
Praia de Fornelos 2008
Fotografia de Barcosntigo em 2005
7 comentários:
Gostei da estória
gostei do jogo com as palavras
e por momento lembraste-me Lorca...
Um abraço, às duas e vinte cinco da manhã
Uma praia de lembranças...beijo fantasma.
O amor não é ter. É ser. E sendo deixa marcas. E essas, o mar não apaga da areia.
Bjo
Sha
Um sussurro....
Era
e
É.
O mar é testemunha para além dos despojos que guarda. Tudo cristalizado nas memórias que nem a água do mar lava.
Quantos amores já viveram nesse mar!?
beijo
Uma excelente composição de palavras que contam uma bonita história, onde o passado se entrecruza com o sempre presente, mar!
beijinhos daqui da praia que não apaga amizades. :)
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