quinta-feira, novembro 20, 2008

ainda Novembro nas mãos...



Morres-me nas mãos como se nunca te tivesse abraçado
Pergunto-me quem és e não obtenho resposta
Se, eu próprio
Já não sei quem sou hoje


É Novembro adiantado
Este Outono
Sem tempo

O tempo frio do norte a cortar
Lâminas de um gelo cintilante em nós.

Quem somos
O que nunca fomos
Interrogo-me.

A noite vai adiantada
A neblina tolda o olhar
Os passos ressoam na calçada húmida
A rua a descer lentamente em direcção a uma espécie de rio triste

Caminho

Volto sempre aqui, a expiar os pecados
Douro
O rio das expiações

Novembro ainda sem tempo para adiantar os dias
Um minuto seria preciso.

O tempo

Para te olhar, saber
Quem és

Morres-me nas mãos como se nunca te tivesse abraçado!




João marinheiro 2008
Fotografia de Zita, www.olhares.com

5 comentários:

Anónimo disse...

Vim espreitar daqui do outro lado do mar...

Gostei da musica Adriana Calcanhoto...

Beijão Queridissimo Poeta do mar!!!

Maria disse...

Em êxtase! É em êxtase que se morre nas mãos, com certeza...
... e o Douro levará as mágoas que aqui deixas.
Já com saudades deste rio,
um abraço forte

Arábica disse...

João,


capacidade líquida

de morrermos em cada vazante

teimosamente escura...


...acordaremos da morte mais tarde

a montante de Novembro?

Unknown disse...

Poeticamente uma analogia brilhante e simbólica ao tempo!
Tempo.
Assim também o sinto João.
Dias perfumados, dias de Novembro que vão deixando de existir e morrendo-se nas mãos!

Abraços João

O Fantasma e o Anjo disse...

Beijo e abraço

joão marinheiro

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