
Morres-me nas mãos como se nunca te tivesse abraçado
Pergunto-me quem és e não obtenho resposta
Se, eu próprio
Já não sei quem sou hoje
É Novembro adiantado
Este Outono
Sem tempo
O tempo frio do norte a cortar
Lâminas de um gelo cintilante em nós.
Quem somos
O que nunca fomos
Interrogo-me.
A noite vai adiantada
A neblina tolda o olhar
Os passos ressoam na calçada húmida
A rua a descer lentamente em direcção a uma espécie de rio triste
Caminho
Volto sempre aqui, a expiar os pecados
Douro
O rio das expiações
Novembro ainda sem tempo para adiantar os dias
Um minuto seria preciso.
O tempo
Para te olhar, saber
Quem és
Morres-me nas mãos como se nunca te tivesse abraçado!
João marinheiro 2008
Fotografia de Zita, www.olhares.com
5 comentários:
Vim espreitar daqui do outro lado do mar...
Gostei da musica Adriana Calcanhoto...
Beijão Queridissimo Poeta do mar!!!
Em êxtase! É em êxtase que se morre nas mãos, com certeza...
... e o Douro levará as mágoas que aqui deixas.
Já com saudades deste rio,
um abraço forte
João,
capacidade líquida
de morrermos em cada vazante
teimosamente escura...
...acordaremos da morte mais tarde
a montante de Novembro?
Poeticamente uma analogia brilhante e simbólica ao tempo!
Tempo.
Assim também o sinto João.
Dias perfumados, dias de Novembro que vão deixando de existir e morrendo-se nas mãos!
Abraços João
Beijo e abraço
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