Gosto demasiado de ti de te imaginar para lá da essência das palavras e hoje imagino-te em tempos a brincar quando brincávamos um com o outro e te dizia que eras a minha miúda do Porto e agora o que és nem eu sei sei que não devo usar as palavras assim desta forma a fingir que me recordo sempre de ti a fingir que estás sempre presente a fingir eu sei que agora não estas porque também eu parti faz muitos anos e ás vezes regresso nem sei para quê mas regresso e que se lixe escrevo-te em faz de conta de conta que és um fantasma e depois calcula tu existem por ai quatrocentos biliões de pessoas logo tinhas de não me falar e depois fico a pensar e repensar e repensar e repensar afinal que fizemos os dois para existir esta distância em nós agora que a ponte é nova e bonita porque não a atravessamos os dois outra vez dás-te conta se calhar não percebes mas o facto de andares próxima da minha cabeça faz-me escrever de novo assim de um fôlego sem pontos e vírgulas de uma assentada e se leres vais ler da maneira que queiras ler ou como gostes de ler de soletrar rápida ou devagar mas se calhar não vais ler nunca lês o que eu te escrevo calculo eu mas se queres que te diga não me importo porque verdadeiramente nunca tive uma andorinha nas mãos por isso não sei como és imagino-te e cada vez te imagino menos porque cada vez estamos mais apartados e eu mais cansado e desiludido com tudo e amanhã acordo e vou fingir que nada disto se passou e que nunca nos cruzamos e que nunca nos rimos os dois e que nunca nos quisemos e que tu és a pessoa numero um no mundo e eu a pessoa quatrocentos biliões e fico tão longe e tão próximo de ti mas se eu soubesse cantar entoava-te baixinho a musica nova do Abrunhosa gosto de ti como gosto do sábado mas não sei e também não descubro o teu ouvido ou melhor roubava-te um beijo assim bem devagarinho como o sol a nascer mas não roubo e agora fico aqui pior a gostar demasiado de ti e a entardecer como o resto dos dias
Porque gosto de te ver sorrir Vens comigo, hoje, pela praia de mãos dadas caminhar neste Outono cálido… E porque ficas mais bonita quando sorris O sol e o mar e o vento, todos, nos teus olhos…