sexta-feira, julho 20, 2007

Ontem...


Ontem
Enquanto o dia adormecia nos braços da tarde passaste por mim.
Atravessaste rápido a praça e entraste no Rivoli. Trazias o rosto escondido atrás dos óculos escuros, grandes, na moda. E eu a meio da praça parado fiquei a olhar-te. Não deste por mim e ainda usas o mesmo perfume DKNY. Ficou a pairar a fragrância fresca a frutos exóticos e pétalas de flores.

Continuas bonita e graciosa.

Só não sei se és a mulher que amo ainda ou se te imagino sempre…




João 2007
Fotografia Pablo Danelutto

quarta-feira, julho 18, 2007


Os sonhos são como os barcos
Morrem abandonados na praia...
João 2007
Fotografia Dionisio Leitão

terça-feira, julho 10, 2007



Contigo aprendi a olhar olhos nos olhos
Ensinaste-me a sonhar outra vez...


- E agora?

Porque partes?




João 2007
Foto, António Lobo

sábado, julho 07, 2007

Tanto. Tanto…


Hoje queria-te tanto. Tanto. Tanto
Imaginas a vontade de te abraçar
A vontade de te sentir
De sentir-te a respirar juntinho a mim. Os rostos colados
Um beijo, só um
Queria-te demasiado hoje
Tocar-te. Sentir as tuas mãos
Tu sabes que o meu olhar te sente
Por isso me dizes para não te olhar
Por isso partes sempre, e quando voltas é de partida que estás.
Só eu fico aqui
Para lá do horizonte a tentar falar-te de amor hoje
E dos barcos que amo. Sempre os barcos
Da alma dos barcos
Só eu fico aqui
Espécie de barco velho abandonado para morrer na praia deserta e estranha
Espécie de amor dedicado
Que vou construindo por dentro e por fora
Por dentro de mim e por fora de ti
Demasiado por fora. Um excesso
Porque hoje queria-te tanto
Hoje


João, Ferrol 2007
Foto de Piotr Walski

domingo, julho 01, 2007

Se te amo que vai ser de mim...


E depois fiquei num qualquer hotel de beira de estrada do qual já nem sei o nome.
Fiquei a libertar-me de ti, do teu cheiro no meu corpo, entranhado nas minhas mãos.
Abandonei-me na cama fria e estranha, fechei os olhos, não sei se adormeci ou o cansaço me venceu.
Hoje foi um dia extenuante de trabalho. Sinto-me a tremer por dentro ainda. Tu tens ideia, as horas que passo ao volante, correndo contra o tempo nas auto-estradas que rasgam as entranhas dos vales. Corro sempre para ir ter contigo, porque todos os minutos que perco no caminho me parecem minutos que faltam para estar em ti. E depois de olhos fechados os teus olhos negros fitam-me em silêncio no escuro da noite. E eu penso na vida. A minha vida sem ti. Porque me mandas embora sempre. Porque te quero em demasia já. Porque te toco em demasia já. Porque te sonho em demasia já. Mandas-me embora a altas horas da noite e eu vou e perco-me nas ruas, as estradas desertas. A chuva que cai como lágrimas que sinto frias a brilhar nos olhos frágeis.
- Que fizemos os dois esta noite?
Porque nos magoamos, se nos queremos tanto e tanto e tanto já.
É tarde demais.
Esta noite queria fazer amor contigo. Esta noite adiada. É sempre tarde. Tarde demais para abrir os olhos.
Perdi-me demasiado a beijar os teus seios. Demasiado. Demasiado. Fechaste os olhos e eu parti.
- Que fizemos os dois?
Queria ver-te adormecer e não vi. Queria ver-te acordar e parti.
Parti sem rumo de encontro à noite estranha onde me perdi. No leitor de cds do carro só passava aquela música nova do Abrunhosa, LUZ. Sabes aquela que eu te disse gostar muito por me acalmar. Só passava aquela repetidamente. Insistentemente na tentativa de me acalmar, e eu que já só queria fechar os olhos e deixar-me ir. Assustei-me com os clarões azuis. A auto-estrada com chuva a esta hora da noite é traiçoeira. Os rotativos das ambulâncias a rasgarem o negro e o silêncio. Senti um arrepio frio. Pensei em ti. Demasiado. Em ti e em mim
Que fizemos os dois esta noite em que te queria amar e parti? – Que fizemos os dois?
Instintivamente agarrei com mais força o volante, redobrei a atenção na estrada.
Os teus olhos negros ainda me fitam na noite escura.

Se te amo que vai ser de mim?
João2007
Fotografia Garbarelle

joão marinheiro

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