segunda-feira, junho 30, 2008



tenho de escrever-te outra carta


uma carta de saudade

segunda-feira, junho 23, 2008

carta de amor...



O acto de escrever. As palavras. Escrevo a prolongar o tempo. Como se desta forma estivéssemos mais próximos. Escrevo-te uma carta que quero longa, prolongada, imensa. A adiar a separação. A adiar as saudades. A dar-te noticias. A falar-te de tudo e de nada. De coisas inúteis. Como se o acto de leres nos mantivesse juntos de novo. A fingir que estás comigo sentada na esplanada a ver o mar, e o vento. São as palavras. E o sol é o calor que sentimos. E o brilho da água reflectido é o brilho do nosso olhar. E as nuvens brancas são o algodão doce dos sonhos da infância. A fingir, o acto de escrever. As palavras a ti outra vez. Mais uma vez. As vezes que forem precisas enquanto me sentir vazio de ti e a querer-te. A imaginar-te. Escrevo sempre para ti. Um amor antigo. Inexistente já. A perdurar como perdura a primeira vez. Os teus lábios nos meus. A tua mão encerrada na minha mão. O calor da tua perna colada na minha perna. O teu sorriso abraçado ao meu sorriso. A tua língua tímida a fugir da minha ousada, e depois tu, plena, vibrante, em tremuras a enleares-te em mim, a respirares-me como se respira a vida de uma golfada, e eu ousado a dizer-te que te desejo, a desnudar-te a alma com o olhar, a desabotoar-te a blusa. Lentamente. Botão a botão. A imaginar os seios fartos prontos a saltarem livres ao toque de seda. A tua pele perfumada. Macia, branca, pura. Eu ávido de ti a fechar os olhos. A percorrer-te com a minha língua atrevida. Tu a gemeres de prazer novo. As tuas mãos a agarrarem-me os cabelos a conduzirem-me. A língua a ir. As tuas pernas a afastarem-se. Tu a revelares-te em gemidos longos. Baixinho. De gata no cio. Eu a provar-te. Tu a revelares-te um vulcão incendiado. As tuas mãos a guiarem-me, a insistirem para que não pare de rodopiar a língua. Tu húmida de desejo. Eu excitado. Quase amor. Tu a ofereceres-me, eu a entrar em ti esfomeado sedento, ofegante, quase amor. Fazemos amor. Foi amor que fizemos, foi amor que demos um ao outro. Cansados a prolongar o tempo. Esta carta a imaginar-te outra vez. A desejar-te outra vez. Sempre. Para sempre. Demasiado. A prolongar o tempo esta carta para que demores a ir. A despedida que custa. Escrevo-te uma carta que quero longa. Que eu queria longa e já não consigo. A falar-te de tudo e de nada. É o nada imenso e esta desolação, esta aridez no peito a crescer, este deserto de areia seca onde procuro as tuas pegadas de um dia. A dizer-te esta carta. Esta tentativa de carta. Só palavras. Só palavras vazias, cheias de intenção. Cheias de querer ainda. Tu a gemeres baixinho, eu a entrar em ti. As tuas mãos a agarrarem-me, a enlaçarem-me as costas, eu a beijar-te a boca. Os lábios pequeninos. Vermelhos. Foi o tempo das cerejas. Eu a beijar-te os seios. Os bicos hirtos excitados. Foi o tempo da paixão. Mel. Eras o mel onde eu poisava em busca do néctar. Eras a flor perfumada a exalar cheiro. A pele branca macia espécie de seda pura. Foi amor que fizemos. Chamemos-lhe amor, a esta falta que sinto tua ainda. Sempre. Para sempre. Demasiado tempo. E depois saímos á rua a passear de mãos dadas. De corpos abraçados. De almas juntas, aninhadas uma na outra, redondas, a fecharem o círculo. Éramos almas redondas, eu em ti, tu em mim. Os olhos brilhantes. O sol a luzir. O vento nos teus cabelos a acariciar-te a face, eu ciumento a querer ser vento na tua face. As palavras a ti em forma de carta de amor sem o conseguir já. A jurar-te amor, a prometer-te amor. É amor ainda, para sempre. Amor. Amor verdadeiro. Amor fecundo. Amor curtido no tempo exposto ao sol e ao vento. Amor gelado no Inverno. Amor florido na Primavera. Amor desnudo no calor do verão. E esta carta com o propósito de te dar noticias. As palavras escassas, rápidas, a lerem-se de uma olhada. Tão breves. Tão leves. E eu a querer que fossem longas, pesadas, cheias, difíceis demoradas. A tua boca. A fonte dos meus desejos. Os teus lábios. O sabor das cerejas que um dia colhemos. O teu olhar. Fazíamos amor com o olhar como só os amantes eternos sabem fazer. Amor. Fazíamos amor com as palavras até. Tu a ofereceres-me o teu sexo quente de desejo. Eu a entrar em ti a satisfazer-te o desejo. A dizer-te baixinho ao ouvido que te amava. Que era para toda a vida. Para sempre. Tu a gemeres de prazer. A tua boca a entrar sôfrega na minha boca. A minha língua a brincar aos esconde esconde com a tua língua. Os teus seios quentes a acariciarem-me o peito pleno. Eu a respirar profundamente a absorver-te em cada poro da minha pele. A ser teu. Tu a seres minha. Era amor que fazíamos. Era amor que sentíamos. Seria amor, chamemos-lhe assim. Eu a abraçar-te. Tu a deixares que eu te abraçasse. Tu a dormir saciada. Eu a olhar-te no silêncio da noite. Pela noite dentro a guardar-te em mim como se guarda um segredo. Como se guarda uma jóia como se guarda o amor. Era amor que sentíamos. É uma carta de amor sem amor nenhum!

João marinheiro 2008
Fotografia de Nuri www.olhares.com

sábado, junho 21, 2008

palavras sussurradas



ele

imagino o vulcão que és por debaixo da pele

ela

não. nem a quentura da minha boca você sabe

ele

pois não sei mesmo

ela

no momento....
é melhor que não saiba
como seria intensa navegando pelo teu corpo todo

Palavras lidas 2008


Fotografia de Nuri http://www.olhares.com/

segunda-feira, junho 09, 2008

é o silêncio...

porque já não tenho palavras...

sábado, junho 07, 2008

dou-me conta
























faltas-me a bordo...
João marinheiro 2008
Fotografia de Barcoantigo 2008

terça-feira, junho 03, 2008

talvez

um deslumbramento de luz



ou eu não soube merecer-te...

é isso...






tenho o coração descompassado

e agora?
João marinheiro 2008
Fotografia de barcoantigo 2008

joão marinheiro

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