
Os dedos na comissura dos lábios
A pele branca
As tuas mãos
Os dedos delgados poisados nos seios claros
Redondos
Firmes
Os cabelos
Um negro a brilhar à luz
Que me cega
A tua visão
O desejo
Procuro-te feito doido pela cidade
A névoa dos olhos o fumo das castanhas assadas
O ruído da rua
As pessoas apressadas
O desejo
A tua visão
Quase
Quase a tocar-te os lábios
Os dedos
Vazios
Ainda
A cidade revisitada outra vez
A cabeça a doer
Se eu pudesse morrer hoje.
João marinheiro, Inéditos 2008
Fotografia de Alvaro Dias
5 comentários:
Estive aqui, li, reli...um poema intenso.
bons dias!
Um amor que prende demais. Podemos medir o amor? Podemos prender o amor? Ou apenas procurá-lo e amar no momento... ficando com os dedos vazios?
Um abraço, em dia de mar cinzento
E quase senti-la...
quase.
e no quase, morrer ?
se pudesses renascerias uma e outra vez, poeta cheio de vida!
Beijo
Dobrá-lo no gesto ancestral de devolver à ordem correcta das coisas o que até ali, se espraiara e possuíra um espaço que não seu..
Dobrá-lo disciplinadamente e depois navegá-lo, sabendo que já não era mar, apenas rio de penas e memórias...
Dobrá-lo por não mais se poder, deitar a face, sobre o sal...
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