domingo, março 24, 2013

dos tornados...


 
 
Chegaram os tornados
A força do vento, o rugido do mar
E o barco range em estalidos de medo na noite
Os relâmpagos cortam o negro da madrugada
E as velas estivadas todas, repousam nas vergas
Os brandais gemem em silvos como cordas de guitarra afinadas ao limite
A proa afunda na cava da vaga e o velho navio lentamente galga a onda e o medo
Estou ao leme, esta roda imensa onde me agarro com as duas mãos
Enquanto o sueste me protege da água que cai em bátegas doces do céu aberto e negro
É uma travessia sem rumo mar adentro a fugir da tempestade
Levo um sorriso nos lábios e o teu perfume no pensamento
És a minha estrela polar, a minha constelação, o meu norte
Neste mar branco de espuma e sal  o leme obedece certo
A todos os mandamentos rápido a fugir do naufrágio
O arnez segura-me como um cordão umbilical
E o motor estremece sob os meus pés
Em círculos perfeitos de 900 rotações por minuto. Três nós…
Singramos lentamente, quase parados, quase.
Tenho Leça por estibordo, o farol em relâmpagos ritmados e certos
Conheço-lhe a cor e forma mesmo na noite
Como te conheço a ti
As formas de olhos fechados, e o toque da pele e o teu cheiro a maresia
O redondo dos seios.
Chegaram os tornados
É inverno adiantado no mar.

 

João marinheiro  Março 2013 S. Paio de Antas
Fotografia de Rui de Sousa www.olhares.com

4 comentários:

Maria disse...

Sabes que te leio sempre
embora às vezes não deixe rasto
é que as palavras diluem-se na água
que me escorre dos olhos
tantas vezes...

Beijo.

Maria disse...

E se me mandasses um mail...
publicar, publicar, eu sei que é possível.
ermelinda.morgado@gmail.com

beijo com cheiro a maresia
(e um sorriso aberto só com a ideia de que é possível...)

Borboleta com Asas disse...

Chegaram os tornados, e eu aqui à tua espera, presa nesta âncora que me deitas-te na noite fria desta Primavera, quase Inverno! Este Inverno que não tem fim, no coração de quem não viu o mar...mar de marinheiro, sempre o primeiro a chegar!
Ondas do mar neste tornado tão próximo de te encontar...
Um beijo de borboleta no cais do teu amanhecer! :*

Parapeito disse...

...depois da tempestade...a bonança :)
brisas doces para o inverno que permanece*

joão marinheiro

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