
Tu não vives. Eu é que te invento sempre que estou só. Vives na minha cabeça. Não existes. Quando te invento tu chegas. Anuncias-te. És plena. Sacio-me de ti. Mas às vezes zangas-te comigo, não sei que erro cometo. E vais embora deixando-me só entregue a interrogações que me matam aos poucos. Deixas de me dar noticias. Nunca me escutas. Fico triste. Demasiado triste. Volto ao princípio de tudo. Invento-te de novo. Dou-te outra forma. Outro ser. Outro brilho no olhar. Tento não te inventar da mesma maneira para que não te zangues comigo e partas também. Às vezes consigo inventar-te perfeita. Mas só às vezes. Na maioria interessas-te por outros. Ganhas vida própria. Sais da minha cabeça, da minha imaginação. Sais da minha invenção. Ganhas vida própria e floresces como uma magnólia. Bates as asas como uma borboleta, és ágil como um beija-flor, espécie de colibri colorido. Eu olho-te e fico parado na dúvida se fui eu que te criei, uma invenção minha. Ou foste tu que me inventaste e eu não sou nada.
Não existo.
A dúvida atormenta-me!
João 2007
Fotografia Google
2 comentários:
Como eu amei este... sabes não sabes? :) tens uma imaginação bela se consegues inventar assim.
abençoado dom.
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