I
Desencontramo-nos sempre
Ambos sabemos que o tempo que temos não é nosso
Insistimos em dar as mãos por uns momentos breves
E ser nosso, o tempo que não é nosso
Mas insistimos em tornar presente a ausência que somos.
Desencontramo-nos sempre
II
O tempo que temos
O mesmo tempo inalterado nos minutos. Nas horas
Falta-nos o tempo e somos nós que fabricamos o nosso tempo.
Todo o tempo que já não queremos
Não temos tempo.
Mas o meu tempo é igual. Permanece igual
É um tempo sem tempo
E o teu tempo mudou
Porque mudou a vontade de ter tempo para o meu tempo
Mas o tempo é o mesmo
Só nós não!
III
Vivo entre florestas verdes
Rochas onde a água cai em murmúrios frescos
Lagos onde as libélulas disputam os nenúfares
IV
És retrato
Surges
Entre a penumbra e o belo
Neste quarto a negro e branco
E eu ávido
Cobiço-te tímido com o olhar
Escondido atrás
Do olho mágico da maquina dos retratos…
V
Todo eu sou um imenso corpo que treme, geme, suspira
Uma morte aos poucos desvanecida
O olhar que se perde
A voz que se cala o sorriso que se finda
Esta saudade mata-nos
E a morte é lenta progressiva
Adiada. Adiada. Depois e depois
Esta saudade que mata devagarinho
Devagarinho despediste-te de mim.
Vantagens de uma agenda.
Planear o tempo…
João 2007
Fotografia de Barcoantigo
2 comentários:
sabes..
ainda há gaivotas brancas
como as noites
em que me encantas..
e as gaivotas fazem voos rasantes
levando com elas asas
de curtos instantes.
"Sei que tenho o melhor do tempo e do espaço, e nunca fui medido e nunca serei medido.
A minha viagem é eterna, (venham todos ouvir-me!)"
(Walt Whitman)
Isto condiz mesmo contigo, parece o teu grito, Jõao. Nínguem pode percorrer o teu lugar nesta viagem porque só está ao teu alcance. Aqui deste lado só posso permancer espectatora.. Mas se estás cansado, ajudo-te a levar os fardos
porque sei que depois me hás de retribuir um dia.
bjs
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